{arquivo}Não há no Brasil de sã consciência uma pessoa que, sabedora da política nacional contemporânea, desconheça a relevância com que o empresário Roberto Civita empregou de força e conceito através do Grupo Abril, patrimônio que herdou de seu pai, transformando alguns títulos em referência nacional em suas áreas especificas, como a Revista Veja, Exame, etc.
O poder de superação dele era tanto que, nenhuma das intermináveis sugestões de familiares e amigos para fechar a Veja diante de tantas dificuldades no passado, chegou a abalar sua inquebrantável decisão de fazê-la a maior referência no mercado editorial da América do Sul.
Não foram poucas também a luta contra o arbítrio e a favor da redemocratização, a partir dos idos anos 80, quando muitas de suas capas serviram para desmontar a opressão contra a liberdade de expressão e o livre mercado. Aliás, capitalista e/ou neo-liberal convicto, sempre se apresentou assim com o capital sendo braço primeiro dos desdobramentos e conseqüências, entre eles na política.
O mercado editorial brasileiro perde certamente o mais ousado e atilado Publisher dos últimos tempos com todo o significado dimensionado por ele com o Grupo Abril.
Devo registrar a discordância da forma como que, ultimamente, a Veja e demais títulos passaram a tratar as questões do País e de Governo, porque a conjuntura política internacional fez da publicação um instrumento de combate ao legado do Governo do PT de forma, em muitos casos, a substituir o papel da Oposição política no País se distanciando do Jornalismo plural que tanto defendeu.
Lembro-me, como se fosse hoje, nosso encontro numa das reuniões anuais da ANER – Associação Nacional das Editoras de Revista, em 2012, quando o convidei (e ele aceitou) conhecer a Paraiba.
Ele se impressionava com a Revista NORDESTE porque, como chegou a repetir, "desmoralizou estudo técnico de nosso pessoal que, em 2000, fez estudo e disse ser inviável uma revista por lá. Você chega e prova o contrário – e isto é o novo Brasil", disse-me sob o olhar atento e cumplice da sua companheira, Maria Antonia.
Seja como for, vamos dimensionar todos os fatores e valores que lhe deram estatura e aprendamos a não por em prática o que não tem sustentação conceitual nos tempos de hoje. Para mim, filho natural de João Pessoa, do bairro da Torre, posso dizer que tive orgulho de estar com ele em vários momentos do debate no mercado editorial.